Gastos com saúde mental desorganizam finanças revela pesquisa da Serasa
Os entrevistados ainda relatam impactos relacionados a ansiedade, autoestima e na qualidade do sono
Por: Redação PatosJá
Fonte: Matheus Borges / Instituto Opinion Box
Para entender as conexões entre dificuldades financeiras e problemas de saúde mental, investigando a relação entre emoções e dinheiro, a Serasa ouviu 1.766 consumidores de todo o país. Segundo o estudo, produzido pelo Instituto Opinion Box, despesas com assistência psicológica já ocupam a sexta posição nas prioridades de gastos das famílias brasileiras, à frente de custos com automóveis e educação.
Em um país com mais de 72 milhões de inadimplentes, as consequências das dívidas extrapolam o âmbito econômico. A pesquisa aponta que 5 em cada 10 brasileiros que já passaram por problemas de saúde mental também enfrentaram dificuldades financeiras.
Os problemas com dinheiro se refletem, especialmente, na qualidade de vida (64%), causando picos de estresse, cansaço e insônia. Os entrevistados ainda relatam impactos relacionados a ansiedade (60%), autoestima (57%) e na qualidade do sono (55%).
Nas relações interpessoais, os efeitos se mostram igualmente presentes: 72% sentem-se mal por pedir dinheiro emprestado para familiares e amigos. Além disso, sete em cada 10 pessoas afirmam evitar conversas sobre dinheiro e 61% preferem isolar-se, afastando-se de amigos. “Muitas vezes, as pessoas têm vergonha de pedir ajuda, pois sentem que, ao contar para alguém, estariam atestando alguma espécie de incompetência na gestão de recursos”, analisa Valéria Meirelles, Psicóloga do Dinheiro.
Esse imaginário acaba comprometendo as relações interpessoais, como se houvesse alguma interligação entre dificuldade financeira e fracasso pessoal. Entre os entrevistados pela pesquisa, 73% afirmam não recorrer a nenhum tipo de ajuda porque acreditam que conseguem resolver tudo sozinhos. “Não deixamos de ser bons pais, bons filhos ou bons amigos por atravessarmos dificuldades financeiras. Falar sobre dinheiro com naturalidade com amigos, conhecidos e familiares é o primeiro passo para transpor a dificuldade”, diz Valéria.
Ainda de acordo com a pesquisa, 86% dos brasileiros entendem que cuidar da saúde mental pode melhorar a situação financeira a longo prazo, e 67% afirmam que gostariam de investir ainda mais neste segmento. “Depois da pandemia, mais do que nunca, as pessoas passaram a se preocupar com essa área, buscando mais qualidade de vida, praticando mais exercícios e outras iniciativas que ajudem a lidar com as emoções”, afirma a psicóloga. “Essa tendência positiva mostra que a saúde mental saiu de uma posição de segundo plano, para se tornar um objetivo a ser construído como base para uma vida melhor”.